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NOSSA HISTÓRIA
Meu nome é André Gondim, 63 anos, casado, pai de 3 filhos, servidor público estadual e aqui vou contar um pouco da
nossa história.
Sempre fui "cachorreiro", e ajudava alguns protetores de animais com rações, pagando alguma consulta veterinária ou
algo que necessitassem.
Mas eu sentia a necessidade de fazer mais, e a oportunidade surgiu na última semana de 2016,quando recebi o pedido
de uma protetora para ajudar a comprar uma cadeirinha de rodas para uma "menina" atropelada.
Como sempre fui curioso e inventor (meio professor pardal), e achando muito caro o valor da cadeirinha, resolvi que
faria a mesma, mesmo sem saber como funcionava e sem qualquer orientação.
Pesquisei na internet e achei alguns modelos, e parti para a primeira tentativa.
Ficou feia pra caramba, mas lá fui eu entregar...
Quando vi a "menina" correndo rumo ao portão foi uma emoção sem tamanho, fiquei simplesmente pasmado.
Saí com aquela menina pra rua e a felicidade dela me contagiou, e mesmo com aquela cadeirinha feia e estranha, ela
se adaptou perfeitamente.
Resolvi fazer uma segunda cadeirinha pra mesma "menina", mas agora com uma certa noção do que deveria modificar.
Fiz nas medidas dela, pintadinha e bem mais bonitinha.
E foi novamente outra alegria passear com aquela "menina".
feita a troca, voltei para casa com aquela primeira embaixo do braço, e resolvi reciclá-la para outro "menino" que
precisasse.
Liguei para alguns protetores e, de imediato, achei o próximo candidato.
Fiz as modificações necessárias e, quando entreguei, senti novamente aquela emoção tomar conta.
Pronto, eu estava contaminado pelo bicho da cadeirinha, queria sentir aquela sensação mais e mais vezes.
Aquela vontade de fazer mais não me saía da cabeça e foi na virada do ano de 2016/2017, que resolvi criar o
PROJETO RECICLANDO PATAS.
A ideia inicial era fazer e doar 5 cadeirinhas por mês e já no dia 01/01/2017, entrei em contato com vários
protetores explicando sobre o projeto e me colocando à disposição caso precisassem de uma cadeirinha.
Logo no primeiro mês foram 31 pedidos, o que me deixou maluco, pois nunca imaginei que haviam tantos "meninos"
passando por essa dificuldade.
Todos foram atendidos, virando dia e noite todos os dias de minhas férias para dar conta de atender,mesmo que
extrapolando totalmente a minha condição financeira.
A partir daí as coisas foram acontecendo, e a notícia de que alguém estava fazendo e doando se espalhou.
Assim, chegavam cada vez mais pedidos, e a emoção continuava me surpreendendo.
A cada cadeirinha entregue a vontade de fazer mais só crescia, ver a vidinha daqueles "meninos" sendo reciclada,
e uma segunda chance sendo oferecida, me dava forças para fazer cada vez mais, arrumando confusões com os
vizinhos, pois as cadeirinhas eram feitas no meu apartamento, e o horário da madrugada não podia ser excluído...
(coitados dos meus vizinhos, mas a causa era justa!)
Alguns amigos e familiares embarcaram comigo nesse sonho, e algumas pessoas me ajudaram doando tubos, rodinhas,
tintas, etc, e assim a coisa foi andando, e mais pedidos aparecendo.
Algumas pessoas me disseram que eu deveria cobrar pelo menos o material, pois conseguiria ajudar mais, porém,
desde o primeiro momento que idealizei o projeto, o objetivo era DOAR as cadeirinhas, independente da condição
financeira de quem recebesse. O meu pensamento sempre foi: "EU FAÇO CADEIRA PARA CACHORRO E CACHORRO NÃO
TEM DINHEIRO PARA PAGAR!", a oportunidade seria para todos, pois muitas vezes mesmo tendo condições financeiras
para comprar uma cadeirinha a pessoa acha que NÃO VALE A PENA fazer aquele gasto, e eu não queria que nenhum
"menino" ficasse se arrastando ou até mesmo ser sacrificado por falta de movimentos.
Assim, o PROJETO RECICLANDO PATAS foi crescendo, e atendendo animais atropelados ou com alguma doença que
prejudicasse a mobilidade.
Neste meio tempo descobri que alguns "meninos" não se adaptaram à cadeirinha, e isso me instigou a buscar mais
informações, entender mais o processo, conhecer a fundo as dificuldades e necessidades desses "meninos" especiais,
pois queria oferecer o melhor a eles.
Busquei outros modelos, porém encontrava sempre as mesmas informações e não me conformando, comecei uma busca
incessante por conhecimento, comecei a ler tudo sobre animais especiais, e virei um "carrapato" na cola de alguns
veterinários Ortopedistas e Fisioterapeutas, para conhecer e entender mais sobre o que seria a melhor opção para
conforto e adaptação.
Como sou bastante teimoso, comecei a criar modelos diferentes, não me contentando em oferecer apenas um modelo de
cadeirinha, mas sim o que realmente funcionasse para a locomoção daquele "menino" com conforto e segurança.
Chegamos então às 100 cadeirinhas, e vendo que só aumentariam os pedidos, resolvi buscar ajuda.
Foi quando então procurei a KRONA TUBOS E CONEXÕES, que de imediato abraçou a ideia e se tornou nossa
parceira, doando ao nosso projeto os tubos e conexões que são usados para fazer as cadeirinhas.
Em 2018, a jornalista ROSANE MENDES da TV Anhanguera (afiliada à Rede Globo em Goiás) fez uma matéria muito legal
sobre o projeto, sendo veiculada no jornal local, o que deu a oportunidade de muitos tutores de "meninos"
especiais conhecerem o projeto e é claro querer uma cadeirinha para seu "menino", e ai os os pedidos simplesmente
triplicaram.
Depois dessa visibilidade, fomos convidados a participar do programa ENCONTRO COM FÁTIMA BERNARDES, e foi uma
chuva de pedidos de todo Brasil.
O PROJETO RECICLANDO PATAS deixava se ser um sonho pessoal, para se tornar uma realidade nacional.
Não dava mais para produzir as cadeirinhas num quarto de apartamento, além disso, era necessário ajuda na produção,
aí vieram o João Lúcio e a Fernanda, amigos que se tornaram voluntários, mas precisavamos de um lugar e um amigo nos
ofereceu a varanda de sua casa para que pudéssemos trabalhar, porém acabamos com seu sossego, o vai e vem de
pessoas trazendo "meninos", para medição e testes de cadeirinha, acabou levando à necessidade de buscar outro lugar.
Foi quando veio a oportunidade de participar do CALDEIRÃO DO HUCK (THE WALL) e fomos muito abençoados.
Alugamos então uma sede, pagamos algumas contas pendentes e compramos os equipamentos e materiais necessários
para a fabricação das cadeirinhas.
Mas esta exposição nacional fez com que os pedidos aumentassem numa proporção que não conseguiamos atender.
Assim, passamos a procurar voluntários que nos ajudassem a produzir, e ainda estamos em busca desses voluntários
para a fabricação das cadeirinhas.
Em 2019, ganhamos o reforço da LUZTOL TINTAS, que se tornou nossa parceira, e nos fornece as tintas para que
nossas cadeirinhas tenham um melhor acabamento e fiquem mais bonitinhas.
Enfim, nesse período conseguimos entregar mais de 2.400 cadeirinhas, sem cobrar nenhum centavo.
Apesar de termos a doação dos tubos e tintas, precisamos comprar muitos outros materiais, como rodinhas,ferragens,
fitas, polipex, etc. e só conseguimos efetuar tais compras com a doação de pessoas que se solidarizam com o nosso
trabalho, pois não aceitamos doações de quem recebe a cadeirinha.
O projeto é totalmente solidário e voluntário, mas temos despesas, como aluguel, iptu, água, luz, etc.
Como entendemos que nem sempre as pessoas podem nos ajudar com doações, resolvemos produzir alguns acessórios,
(produção a cargo da minha esposa e grande parceira do projeto, Thelma Gondim) para ajudar com estas despesas, e
assim nasceu aTHE UAU ACESSÓRIOS SOLIDÁRIOS.
CONHEÇA A NOSSA LOJINHA, começamos fabricando coleiras e plaquinhas de identificação e a idéia é aumentar
gradativamente a nossa linha.
Para funcionarmos, precisamos contar com parceiros e doações, precisamos de voluntários que queiram abraçar a
causa, contribuindo com algumas horas de trabalho e doações de matéria prima para a produção de AMOR, pois as
cadeirinhas são consequência desse AMOR e DEDICAÇÃO.
Nosso objetivo é desenvolver, produzir e doar cadeirinhas para "meninos" que tenham nascido com má formação ou
sofreram acidentes ou foram vitimas de maus tratos, para que eles tenham uma chance de terem uma vidinha melhor.
Conseguir adoção para um "menino" abandonado não é fácil, imaginem a adoção de um "menino" especial.
Mas uma cadeirinha pode facilitar essa adoção e melhorar a sua qualidade de vida.
Tentamos, com o nosso trabalho, despertar em outras pessoas o espírito do voluntariado, para que mais "meninos"
especiais possam ser atendidos e terem maior qualidade de vida.
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